sexta-feira, 24 de abril de 2015

Parabéns, avô.

Parabéns. Desculpa estas palavras virem tão tarde. Mas antes tarde que nunca. Gostava de te poder explicar. Há tanta coisa que ficou por explicar e por dizer. Sempre que me lembro de ti, e garanto-te que isso acontece todos os dias, fico sem palavras, coisa que não é muito usual.
Tenho saudades tuas, pronto, já disse. Sinto a tua falta todos os dias, mas ao mesmo tempo sinto-te sempre comigo, como se me estivesses a proteger. E isso dá-me força e esperança para continuar.
Isto não é fácil para mim. A morte é complicada e eu não estava pronta para lidar com isso, ainda não estou. Será que há mais alguma coisa depois? Espero que sim, espero que estejas em paz. Espero que tenhas encontrado por fim sossego porque se há alguém que merece és tu. Não sei falar de ti no pretérito porque continuas muito presente em mim.
O passar do tempo não leva a saudade, só a aumenta. Mas leva as memórias. A memória do teu aspeto, a memória do teu jeito e a memória da tua voz. 
Se de facto existe algo depois, gostava de saber se me tens observado. Gostava de saber o que pensas de mim, do ser em que me tornei e que aos poucos vou tentando construir e aperfeiçoar. Espero que tenhas orgulho em mim. Porque eu tive tenho muito em ti.
Se há algo que me deixa feliz é saber que tenho um pouco de ti em mim. Que parte do teu DNA, seja em que quantidade for, está no meu, a correr nas minhas veias. Obrigada por teres sido quem foste em vida. Obrigada por seres um exemplo a seguir.
Só damos valor quando perdemos. Gostava que as coisas tivessem sido diferentes. Quem me dera não te ter perdido.
Há tanta coisa que gostava que soubesses. Tanta gente que gostava de te apresentar. A minha felicidade deixou de ser completa sem ti, não é passível de ser completa. Há um espaço em mim que é impossível ser preenchido, seja por quem for, porque é o teu lugar. Só teu.
Gostava que soubesses que tenho sempre saudades tuas. E que me lembro sempre de ti. Fazes-me falta todos os Natais, todos os aniversários e 24horas por dia, 365 vezes ao ano.
Desculpa a demora. Desculpa tudo o que ficou por dizer e fazer.
Amo-te. E amarei sempre. E serás sempre lembrado enquanto eu respirar e levar-te-ei comigo para o resto da minha vida. És dos homens mais importantes da minha vida.
Parabéns. O dia 25 de abril não é (só) dia da liberdade, é o teu dia.
Amo-te, avô.
Da tua neta,
Maria João.

fonte: weheartit 



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