segunda-feira, 25 de maio de 2015

Inércia

fonte weheartit
Acho que fui engolida pela inércia. Não, eu não acho, eu tenho a certeza. Afoguei-me numa indolência tal da qual já não consigo sair.
Apenas me deixo levar ao sabor do vento, dos dias que demoram demasiado a passar, consoante a maré. Quis ter o controlo de tudo e agora não tenho o controlo de nada. Sou apenas mais um corpo, que deambula por aí sem qualquer destino e direção, dando encontrões à vida.
Será a adolescência caraterizada por esta apatia? Ou sou só eu? Serei só eu a sentir esta falta de propósito, esta falta de certeza ou de segurança?
A minha vontade tem estado bastante bem definida nos últimos dias. A vontade de nada fazer. A impotência nunca soube tão bem.
O mundo muda lá fora, os dias passam e a mudança continua, e eu aqui, parada, alheada de tudo, os dias continuam a passar e eu não me mexi um centímetro, pelo menos ao que respeita a minha mente. O mundo queima e eu aqui, nesta minha mente meia desfeita, cheia de tudo e ao mesmo tempo sem nada.
Sempre fui alguém do tudo ou do nada. Sempre fui em busca do tudo. Mas talvez o nada combine melhor comigo e com esta minha necessidade de silêncio que sempre tive.
Talvez esta imensa inércia combine melhor com os meus dias cinzentos, talvez até com os outros todos. Talvez possa vir a ser uma daquelas tolinhas felizes, abstraída de tudo. Talvez o nada seja o tudo que todos precisamos. Talvez exista mais felicidade no pacato e ignorante nada que em toda a complexidade e sabedoria de um tudo.
Queremos tudo, talvez por não sermos capazes de apreciar o nada.


domingo, 17 de maio de 2015

5 anos

Cinco anos. Cinco anos é muito tempo. Pelo menos para mim é uma eternidade. Cinco anos é muito tempo para sentir saudades de alguém, é demasiado tempo para sentir este vazio, esta falta de plenitude.
Cinco anos é um acumular de mudanças, ganham-se e perdem-se vícios. Vícios e pessoas. Cinco anos é pouco mais de um terço da minha vida. Um terço da minha vida sem ti. Cinco anos de desgaste, de cansaço, de falta, de carência.
É como viver na prisão e ir riscando na parede os dias que passam, à espera de liberdade. Mas para isto não há liberdade. Não há liberdade para a saudade, não há desfecho na morte.
Dizem que com o tempo fica mais fácil, ou talvez seja nisso que nós, humanos ingénuos, queremos acreditar. O tempo não cura tudo, pelo simples facto de não curar a morte. Merecias mais. O tempo não cura, apenas te põe anestesiado.
Lutaste, eu sei que lutaste. E jamais te poderia pedir para lutares mais. A vida é que devia ter lutado por ti, devia ter visto o imenso valor que tu tens.

"Quando vais a um jardim que flores colhes primeiro?
As mais bonitas!"

A minha alma está como este texto, desconsertada. Tenho saudades tuas. Tenho sempre saudades tuas. És o texto que eu nunca vou puder terminar. 
Amo-te, avô.

mj