quinta-feira, 23 de agosto de 2012

DE UM JEITO DIFERENTE

Ele tinha ido embora há três anos e tinha a deixado para trás. Ela amava-o de verdade, como jamais amara alguém, e acho que ainda ama, mas talvez de um jeito diferente.
E agora ele regressou e trouxe consigo todas as memórias, todas as coisas que ela tinha tentado evitar desde que ele partira.
Ela andava triste, sem vontade de fazer nada, mal dormia e sempre que o fazia acordava com os olhos inchados de tanto chorar, porque era sempre ele, sempre ele que a visitava enquanto dormia. Ela só ouvia música,  as músicas dele. Foi a música que o fez partir, ele queria investir na sua carreira musical, queria tornar a sua banda conhecida e tudo isso o levou a sair de Portugal. E ele concretizou o seu sonho, é famoso, têm CD's de originais à venda e a sua banda é um sucesso. E ela? O que tem ela? Olheiras e um coração partido.

Ela levantou-se da cama, tomou o seu banho de espuma, que era a única coisa que ainda a relaxava, vestiu os seus calções de ganga e uma t-shirt com o nome da banda dele, almoçou e veio para o alpendre, mais o seu mp3 e os seus phones e sentou-se a ouvir música.
Ele desde que regressara que procurava arranjar coragem para conversar com ela. E foi nessa mesma tarde, em que o sol brilhava que ele respirou fundo e foi até à casa dela, que era mesmo ao lado da dele. E foi aí que a história tomou outro rumo.
- Olá, será que podemos falar? - engoliu em seco.
Ela sempre foi muito extrovertida e "despachada", não era nada envergonhada e tinha sempre muita energia, ele chamava-a de raio de sol. E ela disse:
- Boa tarde, está à vontade, senta-te..
- Já há muito que ando a tentar arranjar coragem para te encarar e para falar contigo.  Porque de facto eu devo-te um enorme pedido de desculpas.
- Pelo quê? - interrogou ela, um pouco corada.
- Oh, tu sabes... Por ter sido um ótario contigo. Por te ter deixado, por ter escolhido a música em vez de ti, por ter sido egoísta e só ter pensado no que eu queria. Por te ter feito sofrer. - ela viu os olhos dele a encherem-se de lágrimas.
- Não precisas de pedir desculpa. E podes erguer a cabeça. Já passou e não podemos mudar o que aconteceu. Foi a tua escolha e eu respeito. Claro, a principio custou muito e deixou muita mágoa e saudade, e por vezes bem à noitinha um pouco de raiva. Mas ao menos foi uma boa escolha - tento ela confortá-lo - trouxe-te sucesso, fama, dinheiro... E já lançaste 2 CDs.
- Mas não me trouxe felicidade, quer dizer, trouxe, mas eu queria e precisava, e ainda quero e preciso, da felicidade que tu me trazias e que só tu consegues trazer. Eu só te quero a ti. E fama e dinheiro não é nada, quando não temos o amor da nossa vida a nosso lado. Arrependo-me de não te ter levado, ou pelo menos, de não ter falado contigo, de nunca ter sabido a tua opinão em relação àquilo ou o que tu querias fazer. Desculpa, nunca ter dito nada enquanto estive fora. Deixei a mulher da minha vida para trás.
- Porquê eu? Tens tantas fãs... Tantas pessoas que gostam de ti. Porque me queres a mim?
- Nenhuma delas és tu. És tu quem eu amo. Elas são interesseiras, futéis e vazias. Tu és diferente e especial. Fazes-me sentir vivo. Foste e és sempre tu que estás no meu pensamento. Tudo me lembra de ti, de nós. Passei muitas noites a chorar, com as saudades e com a culpa. Todas as letras que escrevi são para ti, de alguma maneira. Tenho saudades tuas - esforçava-se ele para não chorar.
- Eu também pensei muito em ti e as saudades quase que deram cabo de mim. És muito em mim, quer eu queira quer não. E apesar de tudo, não quero guardar rancôr de ti. Sem ressentimentos.
Um sorriso nasceu no rosto dele, era exatamente aquilo que ele precisava de ouvir.
-  Fico tão feliz por saber isso. És uma menina espetacular, não mereces sofrer, muito menos por minha causa. Mas, sabes? Também vim aqui porque ouvi a tua mãe a falar com a minha. Ela está muito preocupada contigo. Ela disse que a minha voz te acalma, que te sossega - corou ele - e segunda ela, ultimamente tens ouvido muito a minha música. O que se passa? Esses olhos não mentem, estiveste a chorar... Eu conheço-te.
O tom de voz dela mudou:
- A tua voz sempre me acalmou e continua a acalmar, mas de um jeito diferente. O que se passa? Tudo mudou.
- De um jeito diferente? - interrogou ele - Conta-me, o que mudou?
- Sim, de um jeito diferente. Antes a tua voz acalmava-me, por exemplo, quando me deitava sobre o teu peito e tu dizias que me amavas ou quando andavamos pela cidade de mãos dadas e tu sussuravas-me "és linda". Era uma coisa "física" entendes? Tu estavas ali, bem pertinho de mim e eu podia sentir a tua respiração e sentir o bater do teu coração. E era algo mágico e muito especial, mas eu sempre corri o risco de ficar sem ti, sem ouvir a tua voz, pelo menos daquela maneira... e na verdade fiquei mesmo. Agora, quando ouço a tua voz nas entrevistas e nas músicas, apesar de não ser tão especial, tão único e mágico, porque na verdade não estás ali, e aquilo nunca dirás "amo-te", de certa forma conforta-me o facto de também nunca vir a dizer "vou embora, vou para a América, vou atrás do meu sonho, vou construir a minha carreira". Aquilo não muda, é sempre igual, e não vai embora.
Ele segura-lhe na mão e limpa-lhe carinhosamente uma lágrima que ela deixou cair enquanto falava.
- E o que mudou? - perguntou ele.
- Tudo. Mudou tudo. De um dia para o outro, fiquei sem ti e não pude fazer nada em relação a isso, fiquei sem o teu apoio, sem a tua voz, sem o teu toque, sem a tua proteção. Foi como se ficasse nua e vazia. Tu sempre me protegeste de todo um mundo, um mundo que eu desconhecia, um mundo diferente, um mundo mau. Com pessoas frias, futeis, gananciosas. E apesar de não estar preparada tive de ir viver para lá, para esse mundo, porque te decidiste ausentar. Num mundo que não fazia sentido e continua a não fazer, sabes porquê? Porque tu não fazes parte dele, porque tu não estás lá comigo. Estive a chorar, porque a saudade doi. Porque quando me deparei com o teu carro em frente à tua casa, paralisei. E foram libertadas milhares de memórias, milhares de coisas que eu fugira até àquele momento. Memórias que eu tentei apagar e sabes porquê? Porque nunca esperei que voltasses, eu nunca pensei na possibilidade de voltares e de elas virem a ter alguma utilidade. Mas sabes, a única certeza que tenho e essa já vem de há imenso tempo, desde o primeiro dia em que te vi e os nossos olhares se cruzaram, essa certeza ganhou forma durante o nosso ano de namoro e foi fortalecida por estes 3 anos de ausências e saudade, e tudo mais. E essa certeza é que eu te amo. Eu amo-te. Apesar de tudo eu amo-te. Depois de 4 anos, de um jeito diferente. Mas eu amo.

Ele já soluçava. Abraçou-a e sussurou-lhe ao ouvido:
"Eu estou aqui. E eu também te amo, amo-te tanto que doi. Ah, e pequenina? A tua t-shirt é linda".

FIM.

AH, e deixem se de plágio!

domingo, 15 de julho de 2012

Uma Gaivota Chamada Amizade

Por ali voava uma linda e branca gaivota, com aquele seu ar tão puro e belo...transpirava amor e paz, e tranquilizava qualquer um à sua passagem, seu nome era Amizade...era a amizade no estado mais puro e são. Um dia, essa tal gaivota decidiu por bem parar à minha porta, quando a olhei estava de um tamanho tão pequenino e entrou pela minha orelha e quando dei conta já estava bem aconchegada no meu coração, gravou um nome, apenas um, o nome que desde aí passou a fazer parte da minha vida, do meu ser...nome tão belo e simples com sete letras perfeitas. O ser que possuia esse nome fez-me a pessoa mais feliz do mundo, e nunca lhe puderei agradecer pelo que fez...aos belos laços que críamos decidimos dar o nome de ''Amizade'', o nome daquele bicho tão lindo, que a ambos fez feliz. Parecia o espelho da gaivota, era pura, única, especial, feliz, saudável...e podemos dizer que era ''transparente por dentro'' pois aquilo era autêntico. Aquela coisa ingénua que nem hoje sei definir a 100%. Mas tal como tudo, teve um fim, bem não digamos que foi o fim, mas uma pausa, pausa esta que ainda dura. A tal gaivota que havia dentro de mim, dentro do meu coração, que a meu ver também devia estar nele, começou a tornar-se negra e má, era bruta e indefinida, era inconstante.
Mas nesse dia deixei tudo, sofri, gritei...mas finalmente consegui tirar aquela gaivota de mim, aquela ''amizade'', aquele monstro que me consomia...saiu-me pelas lágrimas. Guardei-a nas mãos, mesmo no meio delas e cheguei à rua e libertei-a, e lá foi ela, à medida que as suas asas batiam, tão suavemente, a Amizade ia ficando cada vez mais branca e pura, mais dócil e calma. E então digo-te gaivota: Voa livre por aí, pode ser que voltes, pode ser pelo mesmo nome ou não, mas prometo que te tratarei melhor, que te protegerei, entretanto, espero que faças mais alguém feliz, que ensines essas pessoas a serem ''transparentes por dentro''.
E parece ser o fim, ou talvez se aviste um novo começo, aquele pequenino ser, branco que transpirava ingenuidade, que aparentemente era perfeita tornou-se em algo completamente esquisito e mau. Agora o que resta de ti em mim, no meu coração, são algumas penas, leves e simples penas que cobrem aquele nome...aquele nome que tocou e marcou.



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Simplicidades


Estava frio e escuro. E ela deambulava por ali, andava de uma forma tão delicada, como se nem tocasse com os pés no chão. Rodopiava por ali, por entre as gotas de chuva. Ri-a por tudo e por nada. Nada nem ninguém andava pela cidade, pelo menos que ela visse. Era só ela e as estrelas, no meio daquele silêncio.
Como ela andava feliz. Cada passo, cada gesto, cada gargalhada demonstravam simplicidade e harmonia. Era como se ela fosse um passarinho que esvoaçava livre por ali. A chuva molhava-lhe o cabelo e o seu belo vestido vermelho, mas ela não parecia importar-se. Ela realmente não se importava com as coisas com que todas as meninas da idade se preocupavam, não queria saber de maquilhagens, nem de roupas, nem de futilidades.Era especial e diferente. Ela apreciava as coisas pequenas da vida, como cada gota de chuva, cada respirar, cada toque, cada palavras, cada som. Ela apreciava as coisas simples. Era humilde. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Brisa



Saudades? Ui, tantas… De quê? Bem, de um pouco de tudo, tenho saudades daquela brisa que me batia no rosto, talvez não sejam saudades da brisa, mas sim da maneira suave como ela embatia no meu rosto, ou então também não são saudades disso mas sim dos tempos que estava a viver.
Aqueles tempos de liberdade, de felicidade e de múltiplos sorrisos, muitos sem qualquer motivo. Saudades daquele tempo…será ele um tempo longínquo? Talvez não, parece que foi ontem, mas também não sei precisar, foi algo tão anestesiante. Foi algo tão mágico.
Saudades de quê, novamente? Talvez do cheiro ou das pessoas, ou talvez do cheiro das pessoas. Do barulho matinal. Talvez dos dias solarengos ou das gargalhadas, ou talvez do brilho do sorriso. Saudades de um pouco de tudo, disto e daquilo. De coisas sem importância alguma, tal como daquelas pequenas rosas vermelhas. De coisas marcantes como foram aqueles passeios, aqueles piqueniques e aquelas corridas pelo campo. De enxergar aquele aglomerado de gente no mercado, da mistura de cheiros da fruta fresca.
Sinto falta de uma certeza. Sinto falta de espontaneidade.
Sinto falta de tudo. Que saudosista que eu sou. 
MJ


quarta-feira, 7 de março de 2012

Ferida .


Veio abrir mais uma ferida, mais uma daquelas que julgava sarada e até capaz de lhe mexer ou de a enfrentar.
Veio como se não fosse nada, veio apenas para estragar o momento, tal como aquele vento frio nos dias quentes de Verão.
Foi uma felicidade a curto prazo, aquilo que vivi com aquele indivíduo. E será para sempre uma mágoa a longo prazo, mesmo que adormecida. Tal e qual como uma pedra no sapato.
Por isso vou acabar com a conversa porque realmente não preciso de pessoas assim, de pessoas que nunca vieram e que nunca virão com boas razões.


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Novidades :)

Estou aqui apenas para vos transmitir que criei um tumblr! Criei o tumblr com o objectivo de manter os meus leitores mais actualizados, porque com a escola e assim, nem sempre sobra tempo para actualizar o blog. Também é para vos anunciar que tenho outro blog, já não é tão recente como o tumblr mas só agora é que me lembrei-me de vos contar. E é só isto. Visitem os links em baixo e não se esqueçam de serem felizes.
Beijinho,
MariaJoão.

Tumblr: http://youjustneedtobeyou.tumblr.com/
O outro blog: http://ahistoriadeumaamizadepura.blogspot.com/
Página do blog no facebook: https://www.facebook.com/pages/O-meu-mundo-e-muito-mais/110659192345973


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Despedida antecipada .


Se algum dia tiveres de partir, e eu sei que isso acabará por acontecer, não me perguntes porquê, é um pressentimento, leva-me. Mesmo que não me leves em presença, leva-me na tua memória, no teu coração. Tal como arrumas as tuas roupas, o teu maravilhoso perfume e todas essas tralhas, que te deixam ainda mais bonito, arruma todas as nossas boas memórias e todos os bons momentos no teu coração, na tua alma, onde quer que seja (as coisas más não precisas de levar, afinal só o bom é que se deve recordar). Mas leva-me contigo, não deixes o nosso ‘nós’ cair no esquecimento. Não me apagues da tua vida. A distância não impede o sentimento. Leva-me e tal como eu relembra-nos, à noite irei procurar-te por entre todas as memórias, pegar num lenço para impedir as lágrimas de caírem e irei mandar-te um sms a dizer ‘boa noite, amo-te muito meu anjo’. E assim será, até ao dia em que voltares a entrar pela porta. No dia em que te irei abraçar e voltar a entregar-me a ti, como sempre foi, porque é nos teus braços que me sinto segura e feliz, e isso são motivos mais que suficientes para esperar por ti.