sábado, 13 de junho de 2015

Control Freak

Hoje aconteceu algo que nunca julguei ser possível, pelo menos não para mim que sou uma autentica control freak. Tirei a noite de folga. Por uma noite deixei os meus pensamentos fechados sabe-se lá onde, esqueci tudo aquilo em que tinha de pensar e permiti-me por umas horas sentir a dormência que há tanto tempo o meu corpo e alma pediam.
Saí, ri às gargalhadas, fiz pessoas que gosto sorrir, fui simpática, senti-me cheia de energia ainda que na realidade não sentisse nada. Fui exatamente aquilo que os outros esperam de mim: forte e feliz. Agi como se tudo estivesse bem porque durante aquele período de tempo estava, não havia nada de errado porque na verdade não havia nada. Permiti-me esquecer. Permiti-me, ainda que apenas uma noite, ser uma tontinha feliz. E assim aconteceu, por uma noite fui uma tontinha feliz, alheada de tudo, dormente de todo, indiferente a tudo o que tem acontecido. Permiti-me não pensar em tudo o que ainda tenho por fazer, todas as decisões e todos os eventos que se avizinham e que provavelmente decidirão o meu futuro. Por momentos, senti-me como há muito não sentia, senti-me livre.
Mas eu também sou naturalmente esquecida e por isso esqueci-me de esquecer, assim que cheguei a casa e todas as distrações ficaram para trás. Tudo caiu em cima de mim, tudo aquilo que tinha guardado durante aquelas ingénuas horas atingiram-me como flechas no coração, rápidas, silenciosas e fatais. E fui obrigada a lembrar; todos os medos, todos os receios, todas as indecisões, todas as preocupações, todos os erros, todas as mágoas.
A minha anestesia havia acabado e devagar ia voltando a ganhar sensibilidade. E num instante dei por mim a sentir tudo outra vez. A sentir a verdadeira Maria a crescer de novo dentro de mim. A control freak acordara do seu curto sono. E ali estava ela, pronta para mais uma noite em claro, para mais um conjunto de pesadelos sem sentido, para mais umas horas a espremer cada pensamento, cada possibilidade, cada situação até ser demasiado doloroso para continuar. Pensar demasiado também é vício. Pensar demasiado não mata, mas vai matando. E há muitos que morrem e continuam a (sobre)viver. Chegou mais um dia ao fim.

Permiti-me chorar.

mj


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